Era um semestre comum na faculdade, nos conhecíamos apenas de vista. Naquela época, cada um estava em seu próprio relacionamento, e os diálogos eram quase sempre superficiais, restritos ao cumprimento ou à troca de palavras durante atividades em grupo.
Os anos passaram, a faculdade terminou, e a vida de cada um seguiu seu rumo. Os relacionamentos de ambos chegaram ao fim. Os sentimentos e os desejos se mudaram, amadureceram. Foi quando, sem mais nem menos, eu estava rolando o feed das redes sociais, quando algo parou o meu dedo sobre a tela. Era ele, aquele rosto familiar que eu não via há tanto tempo. Enviei solicitação de amizade para ele, minutos depois, ele aceitou. Começamos a conversar sobre o tempo que havia passado, sobre as nossas conquistas e rotinas. A conversa fluiu ,as palavras eram fáceis, os risos naturais. Os dias seguintes foram preenchidos com trocas de mensagens diárias, decidimos nos encontrar, as primeiras palavras foram tímidas, mas logo se transformaram em conversas profundas e risonhas .Ambos estavam mais maduros, mais cientes do que queriam, e, ao mesmo tempo, mais dispostos a deixar o amor acontecer de maneira genuína e sem pressa.
Mas havia algo a mais, eu com a bagagem de uma vida já vivida, com as dores e alegrias de um amor passado, tive que aprender a se reerguer. E, nesse processo, trouxe comigo não apenas os próprios sonhos e medos, mas a responsabilidade de cuidar de uma filha. Uma pequena alma cheia de inocência, e que eu, com todo o meu amor, me dedicava a proteger e criar da melhor maneira que podia. A convivência com ela havia mudado a forma como eu via o mundo, o que buscava em um parceiro, e o que esperava para o futuro. Ele sabia disso, sabia do meu papel como mãe e do amor imensurável que eu sentia pela minha filha.
No início, Rafa se aproximou com cautela, respeitando o espaço, as necessidades e a dinâmica da minha vida. Ele não se impôs, não exigiu nada, mas aos poucos foi mostrando, através de ações, que estava disposto a fazer parte do meu mundo. Ele sabia que, ao se aproximar de mim, ele também estava se aproximando de algo mais profundo, algo que implicava não só o meu coração, mas também o da minha filha. Foi quando ele, com uma sinceridade admirável, se abriu e disse: “Eu quero estar aqui para vocês. Não só por você, mas pela Giovanna também. Eu quero cuidar, apoiar, respeitar e amar vocês, se vocês me permitirem. Sei que isso pode ser um processo longo, mas estou pronto.” Essas palavras, ditas com tanto respeito e dedicação, fizeram meu coração bater mais forte. Ele não estava falando apenas do amor que poderia oferecer a mim, mas de um amor que incluía minha filha, um amor capaz de acolher, respeitar e construir um vínculo verdadeiro, sem pressa. Ele sabia que não seria fácil, sabia que o caminho seria longo, mas estava disposto a trilhar esse caminho com paciência, compreensão e, acima de tudo, com muito amor.
Aos poucos, ele foi ganhando a confiança dela também, e foi incrível ver o jeito como ele respeitava os espaços dela, como ele se preocupava com o bem-estar dela, mesmo em gestos simples. A confiança foi sendo construída, e eu percebi com o tempo, que ele estava ao meu lado não apenas como parceiro, mas também como alguém que estava disposto a ser uma figura paterna, se fosse necessário. Esse tipo de amor não é simples, nem fácil, requer muita maturidade, paciência e, principalmente, respeito.
O tempo foi passando, e nós começamos a planejar o futuro juntos. O sonho de casar, algo que sempre esteve no meu coração, parecia mais próximo a cada dia. Deus foi plantando esse meu sonho, no coração do Rafael, pois pra ele não era algo, tão desejado. Entretanto, a vida, como sempre, trouxe os desafios. Com o sonho do casamento se aproximando, veio também a realidade de que, para que construíssemos esse futuro juntos, precisaríamos de um lar. Um lugar que fosse de verdade o "nosso lugar", onde poderíamos criar uma família, onde cada canto e cada detalhe seria uma representação do amor que estávamos construindo. A ideia de casar era encantadora, mas, naquele momento, o mais importante era garantir que teríamos o nosso cantinho. Com isso, veio o primeiro grande desafio: a busca pelo lar. As escolhas financeiras, as decisões sobre onde morar, as prioridades que precisavam ser estabelecidas. Mas, para que isso fosse possível, precisávamos abrir mão de algo. E foi o ‘’casamento’’.
Passamos então, a trabalhar incansavelmente para alcançar esse objetivo. Juntos, começamos a buscar aquele lar que representaria mais do que paredes e telhados, mas sim um espaço de crescimento e transformação. O processo não foi fácil. Houve desafios financeiros, momentos de dúvida, e até um pouco de frustração ao ver que as coisas nem sempre saíam como planejado. Mas, a cada obstáculo, o nosso vínculo se fortalecia. O trabalho em equipe, o diálogo constante, e o apoio mútuo tornaram tudo mais possível. Havia momentos em que o meu coração se apertava, sentindo que o sonho do casamento estava ficando cada vez mais distante. Mas Deus, nunca deixou esse sonho se apagar por completo dentro de mim.
A cada dia que passava, a construção do lar foi se tornando mais concreta. A casa dos sonhos começou a tomar forma, com cada detalhe escolhido com carinho, com cada espaço planejado para abrigar não apenas nós 3, mas também o amor, os momentos, as risadas e até as lágrimas. Era o lugar onde o amor se florescia, onde os sonhos se tornavam realidade, onde os sacrifícios se transformavam em momentos de alegria compartilhada. O casamento, com sua festa e formalidade, estava apenas aguardando o momento certo para acontecer.
Hoje, depois de oito anos de caminhada, estamos aqui, com os corações cheios de emoção e gratidão, para celebrar o nosso tão sonhado ‘’casamento’’. O sonho que parecia distante, que exigiu paciência, sacrifícios e tanto amor, finalmente se tornou realidade. E não é só o casamento que celebramos nesse momento, mas tudo o que vivemos até chegar aqui: as escolhas, os desafios superados, o amor que se consolidou, e a família que, com tanto carinho, estamos construindo.